O INÍCIO
Era Páscoa de 2013 e subimos a Mantiqueira pela primeira vez. Ainda Guto e Tata e os filhos. Um par de dias hospedados no sítio de amigos em um vale localizado a 1.700 metros de altitude, com temperatura de 5 a 8 graus. Matas verdes por onde quer que olhássemos. Pereiras espalhas pelo quintal com jacus comendo as pêras. Águas cristalinas escorriam por vários córregos rasos e um rio límpido com trutas selvagens dava o acorde melodioso da harmonia natural do Engenho da Serra, ao pé do Picu… … nesse clima, ao longo de dias, regado a muita prosa com os amigos, os velhos e os recém conquistados, à beira dos córregos, por vezes, ou ao lado do fogão à lenha, por outras, degustávamos tudo que se produzia naquela instância: linguiças, cachaças, geleias, queijos, mel, trutas, doce de leite…
SEGUNDO ATO
Em Maio de 2013 nasceu a Guto & Tata Sabores e no início de Junho lá estávamos, a Guto & Tata Sabores, ainda muito tímida, mas pulsante de energia, no mesmo sítio, na mesma altitude, com um frio ainda mais rigorosa, querendo fazer parte de tudo aquilo, entender como tudo funcionava, aprender, experimentar.
AS PRIMEIRAS LIÇOES
Tudo lá funcionava, e muito bem, independente de nós. O desafio era fazer parte harmonicamente dos processos que nos interessasse. Logo nos deparamos com o jeito interessante do homem do campo, talvez o mineiro, se relacionar: fala pouco, ri pouco, só te dá o que quer e quando quer.
OS AVANÇOS
Ao longo do primeiro ano, embrenhados na Serra, nossa primeira serra, fomos conhecendo, devagar, paulatinamente, o que havia de mais especial na produção da região (Sul das Minas Gerais). De prosa em prosa, de xícara em xícara de café adoçado e broas e pães, fomos conhecendo as pessoas e sendo conhecidos por elas. Esse processo, longo, nos rendia informações que nos levavam cada vez mais distantes, nos metiam em estradas empoeiradas, banguelas e pirambeiras. Nos ofereciam fauna e flora completamente diversa, As estações do ano iam passando e nós, ganhando forma, corpo, Sabores.
COMO SEGUIMOS
Ao longo dessa jornada nos transformamos como todos os seres VIVOS podem se transformar. Ganhamos experiências de como fazer e não fazer. Aprendemos a lidar com produtores, produtos, clientes, fluxos, logísticas, contabilidade, bancos, contas, burocracias… aprendemos alguns muitos mistérios e segredos também. Por exemplo, a maturação dos queijos. Como fazer uma linguiça, criar um hambúrguer. Conhecemos as sazonalidades e idiossincrasias dos processos produtivos artesanais. Temos aprendido muito sobre os gostos das pessoas, suas preferências, como gostam de pagar, de receber, de serem chamadas, acessadas…
… seguimos aprendendo o tempo todo, querendo saber como caminhar em busca do equilíbrio, da sustentabilidade das relações, com as pessoas, com a Natureza. Continuamos com a mesma simplicidade daquela Páscoa de 2013 e, pensando igual, temos caminhado. Hoje, nossas aventuras nos levam cada vez mais aos maravilhosos interiores brasileiros e estamos a cada dia mais apaixonados e interessados pelo Brasil e sua produção rural, artesanal, genuína…
… se partimos da Mantiqueira, por lá continuamos, apaixonados, mas também estamos na Serra da Canastra, Nos interiores Paulistas, no Sul do Pará, no Interior de Goiás, No Noroeste Fluminense e… caminhando, trabalhando, vivendo e Sendo, o tempo todo Sendo. Que é, de fato, tudo que nos resta e interessa.